domingo, 10 de abril de 2011

U2 no morumbi - Show 2 da turneê 360 graus


O Sr. Entretenimento está de volta. Bono e sua trupe fizeram o segundo de três shows no estádio do morumbi para uma legião de quase 90 mil fans. E além de liberá-los do trabalho na segunda cedo, perguntou se o Brasil ainda amava eles, carismático como sempre.

A bem da verdade é que o U2 sabe fazer um show como ninguém. São os reis da categoria pão e circo. Tanto é que essa turnê é aclamada como a maior de todos os tempos. Pudera. Além da arrecadação recorde e de rodar o globo há quase 2 anos, ela traz um aparato inovador: um palco montado no meio dos estádios, e não no final, próximo a uma das arquibancadas, dando a possibilidade de lotar todos os lugares do estádio, permitindo visualização a todos presentes.

Talvez até por isso que a turnê leva o nome da bugiganga: 360º e não do último disco no line in the horizon, o que é justificável: ao invés do som sem graça produzido nesse último álbum de 2009, um equipamento de fazer inveja à NASA: quatro garras, uma torre de luz suspesa centralmente por elas, um toldo iluminado e um telão em 360 graus, composto de diversas células hexagonais, encaixados por braços mecânicos retráteis, que se expandem e retraem, formando diversas figuras e permitindo várias configurações, mais ou menos espaçadas. Impressionante.

Show extremamente bem produzido, som muito bem equalizado, o bom e vasto repertório dos irlandeses em quase 2 horas e 30 minutos ininterruptos de canções cantadas e interpretadas com vigor pelo entusiasmado líder, abertura de uma banda de respeito, dispersão de pílulas de consciência política. Isso resume bem o show.

Verdade seja dita: a contextualização atual de Sunday Bloody Sunday com a situação da Líbia, Egito e Turquia foi de arrepiar, bem como One com um texto de liberdade e melhora não tem como não tocar o coração e alma dos presentes. E ver os clássicos Where the streets have no name, Vertigo, Beautiful Day, Pride, With or Without You sendo tocados e executados perfeitamente é de valer o salgado preço do ingresso. Mas algo ficou faltando.

Ficou faltando talvez o brilho, o vislumbre do futuro, a percepção de que a banda tem mais por fazer. Parece mais do mesmo para quem viu a turnê de 2006 como eu. 5 anos se passaram e poucas coisas notáveis foram produzidas. Não deu para sentir falta de nenhuma música. Nesse contexto, parece que ficamos vendo um truque mágico feito de fumaça e espelhos, aqui representados no maravilhoso e futurista equipamento em 360 graus tirado da cartola do ilusionista Bono Vox. E o segredo do mágico fica parecendo a ausência de conteúdo, que fica claro quando as novas músicas foram cantadas: a única que causou alguma repercussão foi a limitada Magnificent.

Espero sinceramente que essa impressão de mais do mesmo seja equivocada: que a banda se renove musicalmente, faça novas parcerias, mude de produtor e/ou passe por uma fase criativa frutífera, pois vai ser muito triste se ficar constatado que a banda já passou do seu auge e agora vive dos sucessos do passado. De qualquer maneira, foi um show de primeiríssima categoria, entretenimento para ninguém botar defeito.

E a música do dia é Elevation, que tem a ver com meus votos para a banda.

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