sábado, 22 de março de 2008

Eric Clapton: Autobiografia

Clapton é Deus.
Essa frase pode parecer um pouco exagerada a princípio. Mas sem dúvida é uma das alegações (???) mais interessantes já feitas a respeito desse músico, marco de sua geração, formador de opinião musical, onipresente na cena artística nas décadas de 60, 70, 80, 90 e 2000.
Sempre fui fan incondicional dele. Costumava brincar que o sinal da cruz musical deveria ser: Em nome de Clapton, de Knopfler, de Freddy Mercury, amén. Desses, minha grande triste é nunca ter visto um show de Fred Mercury. Mas também pudera, pois faleceu de Aids quando eu ainda tinha 9 anos. Não é sobre isso a coluna de hoje, mas é Freddy Mercury merece todos tributos que puderem ser feitos, até os mais insignificantes como esse.
Nesse natal de 2007, ganhei o livro de presente, a autobiografia de Clapton. Gosto muito de ler, gosto muito de música. Esse parecia ser o presente perfeito. E era mesmo. Na autobiografia, Clapton segue um registro razoavelmente cronológico de sua vida, acentuando as passagens mais marcantes, seja para seu público cativo, seja para sí mesmo. E consegue cativar, emocionar e levar os leitores a se divertir muito.
Bem no começo, é delicioso ler sua narrativa sobre uma bandinha que começava a tocar num pub, uma bandinha de garagem chamada Rolling Stones. E saber que ele substituia um tal de Jagger sempre que este ficava com dor de garganta e não podia cantar. É interessante ver um grande ícone da música relatando quem eram seus grandes ícones, e demonstrando sua aversão ao trabalho de uma boy band chamada Beatles, que ia contra tudo que o rock pregava.
Mais para frente, podemos ler sobre sua insegurança, sobre base familiar deficiente, suas repressões mais íntimas. E ver que grandes homens tem grandes falhas. E em alguns casos, especialmente este, é dessas falhas que se tira força e inspiração para criar.
Até a parte de seus relacionamentos amorosos é curiosa: Patty Boyd, sua grande paixão, que era esposa de seu melhor amigo, George Harrison, para quem ele compôs músicas eternas como LAYLA. E saber que ele ficou com ela, não perdeu o amigo e ainda criou obras inesquecíveis. Sem contar Carla Bruni, antiga namorada que ele perdeu para Mick Jagger e que hoje é primeira dama da frança: isso sim é escalada social.
Mas o legal mesmo é ler sobre música: sobre parcerias com Dylan, Knopfler, Steve Ray, BB KING, entre tantos outros; ver sua afinidade com gênios como Hendrix e Harrison; e seu distanciamento em relação a Lennon. Ver como ele nasceu no Blues e transitou pelo Rock, admirando Muddy Waters, gravando Marley, participando de festivais mundo afora. Ver a composição de bandas como CREAM, Travelling Wailers, Derek and the Dominos. Sentir sua apreciação pelas guitarras poderosas e clássicas.
Durante o livro, fica clara a correlação existente entre as diversas fases de sua vida com suas diversas etapas musicais. Nunca um artista foi tão autobiográfico em suas composições. Layla sobre sua paixão platônica, wonderfull tonight quando essa paixão se realiza, journey man em suas jornadas de fuga e conhecimento, cocaine em seu vício, e por fim, a mais tocante e curta passagem do livro: Tears in Heaven, sobre a morte de seu filho Connor, de 4 anos, em um trágico acidente.
E a cola para frustrações, inseguranças, tragédias, vícios, amores e viagens é sempre a música. Música que se torna a salvação do homem em seus momentos mais escuros. Música que se torna a luz que permite a sobrevivência. Música que redime seus pecados e vícios. Música que lhe rende o apelido de Deus, pichado nos muros de longe e que ao que parece ser o momento de sua maior conquista, música que o transforma em um homem, feliz, realizado, e em paz.
Para quem gosta de biografias, um prato cheio. Para quem gosta de rock, um livro de referências. E para quem gosta de Clapton, uma obrigação.
Boa leitura, beijos e abraços.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito boa sua análise sobre o livro !!
Não concordo que claptom seja Deus , porém ele tem algo de especial !!!]
beijos !!