terça-feira, 4 de março de 2008

Coluna 16: Como se Fazer um bom CD?

Coluna 16 – Como se Fazer um bom CD?

Caros leitores,

Após um chuvoso feriado de ano novo, 2007 começa prometendo muito na TV, no Cinema, na Política e, é claro, na música. E nada melhor do que acompanhar as novas tendências musicais do que carregar as suas músicas favoritas junto.

Apesar das inovações digitais, nada é mais divertido do que gravar um CD para te acompanhar. Só que gravar um CD é verdadeiramente uma arte, além de um prazer. O filme Alta Fidelidade, adaptação do romance cool escrito por Nick Hornby, traz, durante toda sua exibição, dicas de como se gravar uma boa Fita (k-7, coisa pré-histórica, eu sei). Porém, ainda que as mídias de gravação tenham mudado, as regras não. E como diz o protagonista Rob Gordon: Há muitas regras. Como esse filme, bem como toda ideologia por trás dele (e a trilha sonora de arrebentar) tem feito parte da minha vida musical, antes mesmo de ser DJ, achei que este era um bom tema para começo de ano.

As músicas conversam entre si. Uma música chama a outra. Seja pela letra, seja pela batida, tanto semelhança quanto oposição fazem uma música chamar a outra. Como na vida, não há necessariamente o casal perfeito e sim muitos casais bons, possíveis, interessantes. E nada melhor para facilitar essa conversa do que escolher um tema central, um mote, um traço em comum entre todas as músicas. Ás vezes o tema é obvio (Black Music), ás vezes o mote é a língua ou uma época, ás vezes o traço em comum é meramente subjetivo (Minha viagem de Reveillon). Porém é fundamental para um bom CD que as músicas tenham algo em comum.

Uma dica legal é separar tudo em um diretório, geralmente uma quantidade de músicas superior à quantidade de músicas que vai caber no CD. É sempre bom contar com algumas a mais para poder ter maior poder de seleção, e não precisar empurrar uma música que já não faça sentido nenhum. Antes da seleção, ouça todas, pode ser um trecho, pode ser inteira, depende da sua familiaridade com cada música. Agora ouça de novo, só o início e o final, 15 segundos mais ou menos, que serão aqueles preciosos segundos em que uma música vai chamar a outra. Pronto, pode começar a seleção.

Comece por uma boa música, ainda não a sua melhor, mas uma para deixar com água na boca. Ela será seu alicerce, tem que agradar, senão EJECT. Escolhida ela, visualize seu CD como um gráfico. Será uma reta de 45º, um desenho montanhoso ou uma parábola? Seja qual for a resposta, escolha a próxima música para fazer o seu desenho. Para puxar o ritmo para cima, desacelerar um pouco ou manter a pegada. Aí que o bom ouvido faz a diferença. DJs e produtores musicais vivem disso. Por que não você?

Últimas dicas, regras minhas: não colocar duas músicas de um mesmo grupo; prestar muita atenção quando misturar idiomas, sempre com ritmos parecidos; não superar 20 músicas e alternar vocais masculinos e femininos. Boas gravações, muita VIBE e até a próxima.


Vibe Hints: Aproveitando a deixa do show do Coldplay no Brasil, a música Clocks foi eleita a melhor música britânica de todos os tempos. E para celebrar essa premiação, nada melhor do que ouvi-la. Dica: Baixem a versão do Buena Vista Social Club, uma nova e irreverente leitura dessa tão celebrada música.

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