sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O Fim da festa

O Fim da festa é um momento notório, um verdadeiro marco em qualquer evento. Ele pode ser percebido por diferentes razões, sendo a mais perceptível delas a troca do estilo musical. Os bons DJs, ou os bons organizadores sabem fazer o fading out, ou seja, a diminuição gradual do ritmo da festa, sem que se faça patente a mudança do tom da festa. Naturalmente, parece que a música passa a refletir o ânimo dos convidados, como tem que ser.

E na vida da gente? Quando a festa termina? Acho que percebemos que a festa acabou muito depois dela de ter de fato acabado. quase como um efeito narcótico, extasiante. Quem nunca ouviu a frase: ela esta namorando sério com 20 anos? Tadinha........nem curtiu a vida.....

Po, que raios é esse tal de curtir a vida? Quando a gente pensa que se trata de uma putaria desenfreada, todos viram púdicos e afirmam nãaaaaao, não é nada disso. Ah, então é beber sem parar? nem. Viajar o tempo inteiro? de jeito nenhum. Fica de bobeira? nope. PQP O QUE ENTÃO É CURTIR A VIDA?

Sabe, minha geração foi criada numa cultura hedonista em que a busca pelo prazer tem que superar qualquer outra busca. E por prazer diga-se qualquer um. E isso tem criado verdadeiras nações de pessoas que não fazem a menor idéia do que tão fazendo. É uma festa sem fim. Será? Sempre tive a impressão de que estava perdendo A FESTA, mas nunca a encontrei.

Me lembro bem dos meus tempos de solteiro, que agora parecem outra vida. A gente ia em balada, criava grupos de amigos, fazia apostas cretinas, enchia a cara, corria atrás da mulherada, tomava toco a danar e achava graça, cabulava aula para jogar sinuca, varava a noite jogando videogame, viajava para lugares legais, fazia programas de índio. Só que paulatinamente certas coisas vão perdendo a graça. A gente para de aguentar frescura de patricinha. Beijinho o cacete, eu quero é.....enfim. Bebida ruim já não desce. Viagem muvucada enche o saco, cabular aula é para dormir, semana de balada vira semana perdida. E dai estamos de bobeira quando encontramos uma pessoa que faz nossa vida valer a pena, fazer sentido. E largamos de vez todo o resto para trás.

Amigos casam, tem filhos, se mudam, mudam de opção sexual, deixam de ser amigos. E a gente não percebe quem jogou uma pá de cal naquela vida tão divertida, tão animada que a gente tinha na faculdade. Mas não desistimos. Tentamos. A gente se arruma, pega a pessoa amada e leva para a festa. E ouve, aaaaaaaaaaah, balada com namorado/marido não é tão legal. Pronto, além da pá de cal, rezaram a missa de sétimo dia.

E vem as contas. nossa, elas se apoderam de nossa vida, de nossa cabeça, de nosso coração. Mas eu não tava ganhando bem? Não quando se tem o Lula como sócio. As contas passam tanto tempo conosco que parecem amante ciumenta. Deus do céu.

Acho que o dia mais triste da vida de um homem é quando ele aprende a fazer planilha de cáculo. É como ver seu desespero cortado em fatias afiadas que vão te dizendo que não há escapatória. E você renuncia a tudo por ela, quase a Ana de Bolena.

E é nessas horas que o povo surta. Rapaz, nego volta a achar que tem 20 anos, corre atrás de mulher, quer pegar todo mundo, se afirmar a qualquer custo. Parece aquela reação de viciado: eu largo quando quiser. ahã.

Quem é mais controlado, segue o bonde. Quem é mais saudosista, começa a ter saudades: saudades de ser solteiro, saudades de pegar todas, saudades do frio na barriga, saudades das conquistas impossíveis contadas no bar no dia seguinte, saudades da comida da mãe, saudades da ressaca inigualável, saudades da grana do pai, saudades do time campeão, saudades de tudo que fez e o do que poderia ter feito. Saudades de uma vida indefinida, que poderia ser tudo, poderia ser qualquer coisa, mas agora tá esquadrinhada. Isso quer dizer ruim ou chata? Não, só previsível......responsável......doméstica.....comportada.

Geralmente é nessas horas que recebemos o email do chaplin, da vida ao contrário, convites para festas incríveis. tudo ilusão. sabe quem joga a pá de cal? O inverno. ou melhor, os vinte e tantos, trinta e muitos, quarenta-e-perdi a conta invernos passados.

Ai finalmente a gente se dá conta. A festa acabou, a música cessou, o bar não serve mais bebidas coloridas em copos com guarda-chuvinhas.

E o que tem a música a ver com isso tudo? A música passa a demorar 3 meses para virar um cd, o DJ passa a se especializar em música retrô, pois agora não faz mais sentido conhecer a música das baladas, já que não vai mais nelas.

E o que acontece depois que essa festa termina. Sei lá, to tentando descobrir...............

Música do dia: escolhe ai qualquer uma do Supertramp..............

Nenhum comentário: